Trajar, ao contrário dos dias de hoje, ia para além da estética e da funcionalidade. Trajar era a linguagem da tradição representada nas formas de vestir. E sempre havia um sentido político e religioso muito grande.
Marcas vivas de um Portugal maioritariamente cristão e conservador, os biocos (ou rebuços, como eram chamados no Norte) cobriam as mulheres de cima a baixo, conferindo-lhes o poder da liberdade de circulação pelas ruas, uma vez que não eram reconhecidas ou identificadas.
Nos finais do século XIX, esta “burca” algarvia que «permitia ocultar a identidade de quem a utilizava» acabou por ser proibida, o que representou um ataque à liberdade feminina, principalmente porque as mulheres, sem as capas a cobri-las, passavam a ter de sair à rua acompanhadas.
É pelas histórias e memórias indeléveis de um dos mais carismáticos trajes do Algarve que a empresária Lurdes Silva decide recriar a peça, aliando-a ao design e adaptando-a à mulher actual, contemporânea e apaixonada. Ao vestir uma peça Bioco, a mulher está sobretudo a vestir a história e a tradição.
Mas é mais do que isso: a história é literalmente contada no tecido dos biocos. Tanto na parte interior (forro), como na parte exterior, pedaços da história estão inscritos sob a forma dos versos de Raul Brandão, que apela ao mistério e sensualidade do olhar feminino que sobressaía “ferindo lume” («Mas o lume do olhar, mais vivo no rebuço, tem outro realce»).
Num projecto de Portugal, e com especial enfoque para a região do Algarve, não podíamos deixar de ter um expositor com estes trajes do antigamente, agora recriados para serem peças únicas de design original, adaptados à mulher contemporânea e concebidos para usar em ambas as estações de Verão e Inverno. E assim se vêm adicionar mais histórias ao nosso infinito mar.
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