A empresa pioneira dos perfumes e sabonetes em Portugal

 

Um era químico e o outro importador. Juntaram as suas competências e instalaram-se no Porto para fundar, em 1887, a primeira fábrica de sabonetes e perfumes de Portugal. Ferdinand Claus e Georges Schweder, ambos de nacionalidade alemã, começaram esta empreitada inovadora com a ideia de democratizar o uso de perfumes e sabonetes. Quem não gostaria de ter acesso a produtos tão aromáticos e com essências nacionais?

 

Uma empresa, duas marcas, um único propósito.

 

Mais tarde, uma terceira peça-chave juntou-se à marca. Achilles de Brito iniciou-se como guarda-livros, ou como se diz atualmente, contabilista da Claus & Schweder, em 1903. Cinco anos depois, tornou-se sócio da empresa. Em 1916, após a Alemanha declarar guerra a Portugal, o país entrou na Primeira Guerra Mundial, e os dois fundadores da empresa decidiram deixar Portugal devido à tensão provocada pelo conflito.

A fábrica Claus & Schweder foi nacionalizada durante a Primeira Guerra Mundial, e em 1918, Achilles de Brito comprou a empresa, que passaria a ser conhecida como Ach Brito. Em 1924, o grupo Ach Brito adquiriu finalmente os ativos da antiga Claus & Schweder, dando início a uma nova fase com duas marcas distintas: Ach Brito, focada no mercado nacional, e Claus Porto, voltada para o mercado internacional. Esta estratégia comercial mantém-se em vigor até aos dias de hoje.

O mérito das duas marcas levou-as a serem reconhecidas e premiadas tanto além-fronteiras como em Portugal. As fábricas cresceram e atingiram os 50 anos de existência, celebrados com a presença do Presidente da República da época, Américo Thomaz.

Numa demonstração de inovação e visão estratégica, foi criada uma litografia no edifício da fábrica. Todos os rótulos eram produzidos internamente, à mão, com o toque especializado de artistas comerciais—o termo da época para profissionais de design gráfico. A empresa rapidamente percebeu que embalagens bem elaboradas e com cores apelativas atraíam mais a atenção dos compradores. Trinta artistas comerciais trabalhavam na criação das embalagens mais belas, algumas inspiradas na Belle Époque, outras alusivas ao quotidiano português. Hoje, essa rica história pode ser explorada no livro ‘Claus Porto 130 Anos’, que apresenta imagens de rótulos finalizados e inacabados, além de estudos de possíveis tipos de letra.

Os produtos da Ach Brito e da Claus Porto certamente passaram por muitas casas ao longo dos anos. A empresa manteve o compromisso de oferecer produtos de qualidade a preços acessíveis, especialmente os produtos Ach Brito, tornando-os facilmente disponíveis em diversos espaços comerciais. Quem não conhece o sabonete Patti, inspirado na cantora de ópera Adelina Patti? Ou a água de colónia Lavanda? E o after shave Musgo Real?

 

Todas as boas ideias têm pelo menos um mentor; neste caso, foram quatro gerações.

 

Foi em 1994 que a 4.ª geração da família Brito entrou para o negócio: Aquiles e Sónia. A impulsividade natural de Aquiles, com apenas 22 anos, levou-o a aceitar o desafio de liderar a empresa. E ainda bem que o fez; caso contrário, a Ach Brito poderia ser apenas uma lembrança do passado.

Ao iniciar a sua carreira, Aquiles enfrentou um período difícil. Na sequência da adesão de Portugal à CEE, muitos portugueses acreditavam que os produtos estrangeiros eram superiores aos nacionais. Apesar de jovem e inexperiente, Aquiles decidiu levar a marca Claus Porto (made in Portugal) para fora do país, direcionando-a para os Estados Unidos e o Canadá. Foi uma estratégia brilhante!

Atualmente, os portugueses valorizam os nossos produtos e reconhecem a elevada qualidade do que é produzido em Portugal. A Ach Brito, a Claus Porto e a Confiança, uma das mais antigas fábricas de sabonetes, adquirida pela Ach Brito em 2009, ganharam grande reconhecimento tanto a nível nacional como internacional. A Claus Porto tem três lojas em Portugal: duas em Lisboa e uma no Porto, a qual é considerada a casa-mãe. Em 2018, foi inaugurada uma loja em Nova Iorque, projetada com todos os detalhes para evocar Portugal. Durante a pandemia, decidiram fechar essa loja e abrir uma nova no Japão, mais concretamente em Tóquio.

 

Todas as boas ideias têm pelo menos um mentor; neste caso, tiveram o apoio de um país inteiro.