Há meses que gritam. Agosto, por exemplo, vive num frenesim de idas e voltas, de ruas cheias e praias povoadas. Setembro, pelo contrário, sussurra. E talvez seja por isso que os que bem o conhecem o guardam como um segredo: um tempo em que o Algarve mostra o seu lado mais sereno, mais requintado, mais autêntico.

O sol continua alto, o calor permanece, mas o ritmo desacelera. A areia já não é território disputado e as esplanadas voltam a respirar. É o momento ideal para passeios lentos pela costa, mergulhos prolongados e finais de tarde que parecem querer durar para sempre. Em Sagres, os sunsets ganham uma tonalidade rosada, quase melancólica, como se o verão quisesse prolongar-se apenas um pouco mais.

Quem escolhe setembro para estar no Algarve descobre um tempo mais generoso. Há mais espaço para escutar o mar, para conversar sem pressas, e uma luz que suaviza tudo. A paisagem é a mesma, mas os sentidos estão mais despertos. E quando se desacelera, valoriza-se cada detalhe, o sabor, a textura, o aroma, como se tudo pudesse finalmente ser vivido com a atenção que merece.

É neste tempo mais íntimo que se saboreia com outro gosto. O rosé Negra Mole da Arvard, feito de uma casta autóctone e quase esquecida, traz ao copo a frescura do Algarve interior e a elegância das vinhas que olham o rio Arade. É leve, delicado e acompanha com mestria os finais de dia perfeitos.

A acompanhar, o azeite Monterosa, feito em Moncarapacho, é mais do que um condimento, é uma experiência sensorial. Rico, aveludado, com notas verdes e ligeiramente picantes, transforma o simples ato de molhar o pão num gesto de celebração da terra e dos seus sabores mais puros.

E porque o mar nunca está ausente, as petiscadas da Saboreal são indispensáveis, conservas feitas em pequena escala, onde a tradição encontra a criatividade. Cavala, atum, sardinha ou polvo, envolvidos em receitas originais, são a companhia ideal para tardes longas, mesas descomplicadas ou até uma toalha de praia.

Estes sabores, além de alimentarem, contam histórias: de produtores locais, de ingredientes que nascem perto, de um saber fazer que atravessa gerações. São produtos com tempo dentro, pensados para serem partilhados e saboreados com calma, todo o ano, mas idealmente em setembro.

Setembro pede isto mesmo: tempo, sabores e paisagens. No Mar d’Estórias é possível encontrar estes produtos únicos – o vinho, o azeite e as conservas – e seguir, depois, rumo a Sagres. Ali, entre o som do mar e a luz do pôr-do-sol, tudo se conjuga para um dos últimos sunsets do verão. Um momento para saborear, de copo na mão, com os olhos no horizonte e o Algarve à mesa.