Não há nada como um bom ponto de partida. Não há nada como uma agradável primeira impressão. Não há nada como o impacto do primeiro vislumbre.
E, portanto, não há nada como termos lançado o desafio ao estúdio inbetween para que o primeiro momento visual do Mar d’Estórias fosse marcante e alusivo. Como? Integrando na montra da entrada uma estrutura de vidro serigrafado de branco, com elementos de azulejos tradicionais portugueses.
Ao longo dos dois anos que se passaram desde o dia em que o artista Miguel Cheta foi introduzido aos fundadores do projecto, a proposta sofreu algumas alterações até atingir a sua forma final. O desafio lançado passou sempre pela vontade de inscrever algum elemento da portugalidade que representasse o primeiro momento marcante da experiência.
E assim se obteve o efeito discreto e subtil (porém marcante) dos padrões da azulejaria ou do mosaico hidráulico industrial português do século XX, que assumem uma grande importância histórica e arquitectónica, não só pela simbologia das figuras, como também pela especificidade deste tipo de trabalho manual.
A combinação das técnicas ancestrais e contemporâneas de trabalhar o vidro, depois sujeito à técnica de etching (gravura), com recurso ao ácido e jacto de areia, resultou neste «subtil jogo visual e táctil sugerindo concavidades ou convexidades que certamente convidarão ao toque por parte de quem chega, causando assim o primeiro sentimento positivo de ilusão e descoberta», como nos sugere o artista.
Se o primeiro momento visual é agradável e transporta o visitante para o mundo dos significados culturais, isso significa que ele vai abrir-se desde logo aos encantos e deslumbres a que o Mar d’Estórias dá palco, retirando o melhor desta que é uma viagem aos trilhos do sentimento português.