Trata-se duma livraria, a “Ler Devagar”, e está instalada numa antiga fábrica de impressão de jornais fundada em 1846, hoje parte integrante do Lx Factory, em Lisboa.
É neste emblemático espaço povoado por livros sem fim que tem lugar a sessão de apresentação da obra “Costa do Mar”, do fotógrafo e designer João Mariano, e com a edição Mar d’Estórias.
O normal funcionamento do espaço e o natural fluir dos clientes, que tanto folheiam livros ao acaso, como estacionam nalgum ponto da sala a ler, muitas vezes por entre nuvens do fumo do cigarro que consomem, decorrem em paralelo com o evento.
Na mesa disposta ao centro da livraria, sobre a qual pousa um grande exemplar “Costa do Mar”, estão presentes, para além do autor João Mariano; Luís Ledo, responsável pelo Mar d’Estórias, do seu lado esquerdo; e Rui Prata, fundador dos “Encontros da Imagem”, à sua direita.
Depois de uma breve apresentação sobre o cerne do projecto que nasceu em Junho deste mesmo ano e que foi editor da obra de João Mariano, onde Luís Ledo expôs alguns dos principais elos de ligação ao autor e pormenores da identidade da marca, foi a vez de Rui Prata fluir nas suas considerações em relação ao artista fotográfico, aos longos anos de trabalho conjunto e à dedicação a um projecto que ultrapassa todas as edições anteriores.
Por sua vez, João Mariano tomou o discurso, indo ao início destes dois anos de um projecto que não podia deixar de ser não fossem todos os envolvidos no processo da sua criação, pois que «esta não podia ser a obra de uma pessoa só».
«Foi por causa de edições anteriores esgotadas, que me passaram a ser pedidas reedições das minhas obras. Mas se eu hoje em dia reeditasse, por exemplo, os “Guerreiros do Mar”, jamais ia olhar para ela da mesma forma e com os mesmos olhos. Há uma carga emocional muito grande no trabalho do fotógrafo» assumiu o autor, concluindo que foi isto que conduziu à necessidade de «fazer um grande álbum, um álbum de síntese [dos trabalhos anteriores], imprimindo um novo olhar sobre os mesmos textos e as mesmas imagens».
Foi numa onda de grande descontracção que a obra foi apresentada aos demais, não uma obra qualquer, mas uma obra especial, ambiciosa, um legado, uma «honra às [suas] edições anteriores», e cujo nome resulta da forma como «as gentes antigas da região se referiam à zona litoral».