Temos de recuar até ao rescaldo da 1ª Guerra Mundial (1918) para encontrar, na cidade do Porto, a farmácia que viria a criar a emblemática Pasta Medicinal Couto.

Numa altura em que o país estava fechado para si mesmo, Alberto Ferreira Couto, aconselhado por um dentista português a viver no Brasil, testa e cria a fórmula que viria a ser um sucesso por promover “dentes fortes, gengivas sãs e boca saudável”.

 

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A pasta que continua a andar “na boca de toda a gente”, manteve a sua fórmula inalterada até aos dias de hoje – não é testada em animais, não contém qualquer ingrediente de origem animal, nem LSS (Lauril Sulfato de Sódio, classificado como cancerígeno). Na sua composição foi incorporado cloreto de potássio, para eliminar as infeções das gengivas e evitar a retracção das mesmas pela doença da época – sífilis.

 

Pasta medicinal couto

 

 

A Pasta Dentífrica Couto (como é agora denominada) encontra-se enraizada na memória do povo Lusitano, não só pela indubitável qualidade, mas também pela visão do fundador Alberto Couto que sempre apostou no poder da publicidade.

Quem não se recorda do famoso anúncio do malabarista a segurar a cadeira com a boca?

 

 

A ideia nasceu do sobrinho e actual dono da marca, Alberto Gomes Silva, que desde os seus 17 anos trabalha na empresa e herdou a mesma aquando do falecimento do seu tio, em 1974.
Actualmente, com 80 anos, o Sr. Alberto acompanha diariamente a produção deste projecto familiar que continua a apostar numa fórmula que foi feita “à moda antiga”. Quando foi lançada, em 1932, a pasta era elaborada na farmácia, onde se juntavam os componentes com o auxílio da espátula e do almofariz, bem como, se enchiam manualmente as bisnagas do dentífrico. Depois disso, e devido ao aumento da procura, o Sr. Alberto procurou um serralheiro para construir a primeira máquina de forma a automatizar a produção e, hoje em dia, utiliza um moderno laboratório, mas continua fiel à receita antiga e a uma produção semi-artesanal.

A Couto só volta com novidades para o mercado em 1969, desta vez com a introdução de dois míticos produtos: o Restaurador Olex (restaura a cor original dos cabelos) e o Petróleo Olex (tónico capilar anti-caspa e de fortalecimento do cabelo).

 

restaurador olex - couto

 

A ganhar uma nova dinâmica, mas a manter a sua imagem original vintage, a Couto lançou nos últimos anos outros produtos: o Creme Desodorizante, o Creme de Mãos, o Sabonete, o Creme Hidratante, a juntar-se à Vaselina Pura e à Água Oxigenada Couto.

Os tempos mudam, no entanto, o design original que marcou a sociedade portuguesa do século XX continua presente em todos os produtos da Couto, que recentemente lançou também a linha de homem, velas aromáticas e conjuntos de produtos com a famosa embalagem retro.

A Couto desempenha um papel muito importante na nossa história social e económica, não só por produzir todos estes artigos, mas pelo seu carácter solidário. A criação da Fundação Couto em 1974, implantada no terreno onde se encontrava a antiga residência de Alberto Ferreira Couto abriga, actualmente, 400 crianças desfavorecidas da área.
É este desafio de construir memórias no colectivo português que o Mar d’Estórias enaltece.