Chegado o mês de Fevereiro tudo à nossa volta é sobre o Dia dos Namorados! Nós, no Mar d’Estórias, consideramos que falar sobre o Dia de São Valentim é estar a confinar as histórias de amor a um só dia. É tão redutor se pensarmos que as histórias são vividas a cada momento, a cada hora, em cada gesto. Por isso, fomos à procura de duas vivências de diferentes gerações, mas que mantêm o mesmo fio condutor – o amor!
A primeira história surge de uma convivência de infância e de diferenças de opinião no secundário. Relatamos o amor de duas pessoas que se conheceram na escola primária e acabaram por escolher crescer juntos em honestidade e companheirismo – Tânia Viana (35) e João Grosso (36) que comemoram, a 17 de Julho, 20 anos de namoro.
A amizade de infância vivida, como vizinhos e colegas de escola, floresceu para uma relação, nas férias de verão de 1999: “a minha mãe tinha um café no Chinicato e ele morava duas ruas acima”, conta Tânia. Afirmam que “temos a vantagem de termos crescidos juntos”, por terem partilhado aulas, saídas à noite, os problemas da adolescência e a entrada na fase adulta: “Éramos muito próximos (…) mas estávamos sempre na picardia!”. As discussões entre ambos foram a base do fortalecimento do seu amor! Aliás, estes amigos enamorados eram apelidados de “casal fim do mundo,” na escola secundária, por nada terem a ver um com o outro, provando todos os dias que todos estavam errados.
Com a ida de Tânia para a Universidade em Lisboa, em 2001 e a entrada de João na Marinha, em 2002 foi necessário reajustar o que tinham, apoiando-se no forte sentimento que nutriam um pelo o outro: “foi muito difícil! Os primeiros anos de namoro foram pautados por ausências”, confessa Tânia.
Em 2008 decidiram casar: “casámos a meio de uma missão da NATO. Tínhamos tudo marcado para o casamento quando saiu essa missão. Como era mais fácil ele pedir autorização para se ausentar, o João veio a terra durante 2 dias para casarmos!” E três anos depois foram pais de Leonor.
…
O segundo casal é de uma geração anterior, que conta com 58 anos de casamento. Deolinda Lamberto e Fernando Faustino partilham a sua história de amor que remonta o final dos anos 50. Numa época em que o trabalho na lavra do arroz era um dos principais meios de subsistência, Fernando encontrou a futura esposa, num grupo de mulheres que trabalhava nos arrozais do Carriçal (a caminho da Praia do Monte Clérigo).
Fernando, capataz deste grupo de trabalho, não descansou até conquistar Deolinda: “conhecemo-nos no dia em que ele foi, num tractor, buscar a caixa de mantimentos do mês, a casa. Na altura não me passou isso pela cabeça. Nem olhava para ele. Mas a partir daquele dia começou a cortejar-me!” Conversas à hora de almoço e convívio nos bailes foram estreitando a ligação. Foi no Dia da Espiga, na Primavera de 1959, que trocaram o primeiro beijo após um passeio pelo campo com um grupo de amigos.
Dadas as festas de despedida da adiafa, Deolinda voltou para casa, mas o contacto manteve-se! Fernando escrevia cartas de amor, endereçadas a uma vizinha, “uma moça minha amiga que estava na monda do arroz comigo; (…) as cartas iam em nome dela, mas na verdade eram para mim,” conta Deolinda. Os tempos antigos ditavam que o amor fosse mais declarado do que vivido, por isso, cada carta era recebida com arrebatamento e paixão! Mensagens de amor que foram deitadas fora por ordem do pai, que proibiu o namoro de Deolinda por ser muito nova e por Fernando ter fama de namoradeiro: “o meu pai não quis o namoro. O Fernando já tinha tido muitas namoradas, por isso, a condição para namorar era casar comigo.” Aqui, o amor falou mais alto e casaram-se a 27 de novembro de 1960, ainda não tinha Deolinda 17 anos.
A perseverança de Fernando deu a este casal três filhos e incontáveis vivências a dois. Construíram uma família que agora já conta com dois netos e um bisneto. São 60 anos de momentos gravados na memória de duas pessoas que continuam a viver um amor de juventude.
As vidas de amor a dois são pacientes, carregadas de amizade e intimidade! O amor é um sentimento vivido de forma diferente por cada casal e geração, no entanto é o elo que nos une a viver e a partilhar a vida com a “nossa pessoa especial”.
Sugestões do Mar d’Estórias:
A recordar tempos idos, o Mar d’Estórias tenta despertar o amor de antigamente, através de fragrâncias da época. Para um casal como Deolinda e Fernando seleccionamos produtos da marca Benamôr (1925) – o Créme de Rosto (14€) e o Sabonete Rose Amélie 100gr (6.50€). Para ele, sugerimos uma marca presente na sua geração – Ach Brito (1918) em Água de Colónia Lavanda 200ml (22€) e em Sabonete Lavanda 125gr (2.90€).
Para um casal mais novo como a Tânia e João, exemplo de um amor sólido, que ultrapassa preconceitos, aventuras e desventuras o Mar d’Estórias sugere uma mala tiracolo de homem da MUD (85€) e uma lembrança de amor genuíno com o colar de prata da colecção “The heart is an open book” de Liliana Alves (150€).