Se pararmos alguns segundos para pensar, conseguimos identificar várias mulheres merecedoras do título de incríveis. No Mar d’Estórias, temos a sorte de conhecer mulheres visionárias que nos brindam com ideias e produtos inovadores. No mês, que se celebra o Dia Internacional da Mulher, relembramos não apenas a força e determinação das mulheres ao longo da história, mas também a influência inspiradora das empreendedoras que nos rodeiam.
Até ao século XIX, o papel da mulher era, na maioria, limitado ao ambiente doméstico ou à vida religiosa nos conventos. Eram escassas aquelas que exerciam influência na sociedade, destacando-se só algumas figuras como Madame Pompadour na corte francesa. Mais recentemente, a Marquesa de Alorna, uma rara escritora da aristocracia portuguesa, também se destacou ainda antes do ano de 1900.
Kate Sheppard foi uma pioneira na luta pelo sufrágio das mulheres na Nova Zelândia. Com as suas colegas, conseguiu reunir 32 mil assinaturas em apoio à sua causa, levando à conquista do direito de voto para as mulheres em 1893. A Kate, seguiram-se outras tantas mulheres que à volta do mundo também ansiavam por ver os seus direitos reconhecidos e pela conquista de igualdade em diversas esferas da sociedade. No Reino Unido a cara deste movimento foi Millicent Fawcett e mais tarde, Emmeline Pankhurst.
Ao longo do século XX e XXI foram instituídas medidas de forma a salvaguardar o lugar da mulher na sociedade, como a Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres, no ano de 1979, adotada pelas Nações Unidas. Em 1993 a Conferência pelos Direitos dos Homens também salientou e defendeu os Direitos da Mulher. Em Portugal, a mulher deixou de ter a obrigação de obedecer ao homem no ano de 1910 e em 1931, as mulheres com um curso secundário ou superior puderam, finalmente, votar. As três Marias (Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa), destacaram-se em Portugal por lutarem pelos direitos das mulheres. Em conjunto, escreveram o livro controverso “As Novas Cartas Portuguesas”, que foi proibido ao fim de três dias. Era uma resposta às famosas “Cartas Portuguesas” de Mariana Alcoforado e retratava a condição da mulher durante o estado novo.
Hoje em dia, a realidade das mulheres portuguesas é outra e um exemplo disso são as diversas parceiras do Mar d’Estórias, que gerem os seus negócios com a coragem dos seus antepassados e a esperança num futuro promissor.
A Esperança, da Victoria Handmade, é uma das parceiras do Mar d’Estórias que decidiu revitalizar um ofício familiar com mais de 70 anos, conferindo uma nova vida às tradicionais cestas de junco. Inicialmente, era o seu pai quem liderava o negócio das cestas de junco, mas é atualmente a própria Esperança quem entrelaça esta erva que cresce na sua região. Este trabalho não apenas exige resistência física, mas também sensibilidade para transformar este artefacto em algo verdadeiramente belo.
As malas de junco produzidas pela Victoria Handmade são agora comercializadas em diversas partes do mundo, sendo extraordinário testemunhar, à distância, o sucesso alcançado por uma mulher ao transformar algo que outrora era uma obrigação, para se sustentar, numa verdadeira paixão.
Um exemplo notável é Mizette Nielsen, que dedicou 45 anos à Fabricaal – Fábrica de Mantas Alentejanas, em Reguengos de Monsaraz. Após resgatar esta fábrica esquecida no Alentejo, em 1977, Mizette, desafiou as normas ao liderá-la, destacando-se como uma mulher revolucionária, numa época em que as mulheres ainda não exerciam nenhum poder. Após décadas à frente, Mizette passou recentemente a direção da fábrica para outras mãos competentes, mas a história da fábrica deve muito a esta mulher que, num mundo predominantemente masculino, acreditou na sua capacidade e triunfou. Graças a ela, as tradições das mantas alentejanas perduram até hoje.
No mês dedicado ao Dia Internacional da Mulher, é significativo refletir sobre a evolução do papel feminino ao longo da história. Desde figuras notáveis do passado, até às empreendedoras contemporâneas como a Esperança da Victoria Handmade e Mizette Nielsen da Fabricaal, as mulheres continuam a desafiar normas e a moldar o mundo. Hoje, testemunhamos não só a resiliência das mulheres portuguesas, mas também a herança de coragem e esperança que impulsiona um futuro promissor. Os produtos destas marcas e tantas outras, lideradas por mulheres, podem ser encontrados no Mar d’Estórias.