Mulheres Operárias nas Conserveiras de Lagos – Testemunho da História das Fábricas de Conserva de Peixe Lacobrigenses pelo Mar d’Estórias
– Um Enlatado de Testemunhos da História Lacobrigense –
A revolução industrial do século XIX chegou às unidades fabris de conserva de peixe e, mais precisamente em Lagos em 1882, sendo a primeira empresa a instalar-se no porto de Lagos a francesa F Delory, originária da Bretanha.
Pela sua excelente localização geográfica e abundância de pescado e sal, bem como disponbilidade da frota e mão-de-obra, Lagos tornou-se no principal centro produtor e exportador de conservas de peixe no Algarve contando com cerca de 3 dezenas de fábricas, que chegaram a produzir 5 milhões de latas de conservas por ano.
De todo o processo de conserva do peixe (13 processos) apenas a cravação era da responsabilidade de homens, tudo o resto cabia à mulher operária executar.
As mulheres começavam a trabalhar nas fábricas ao 14 anos e, uma vez que o trabalho não estava regulamentado, as operárias eram chamadas através de um apito de sirene a qualquer hora do dia e da noite, dependendo da chegada do peixe. A azafama quando se ouvia soar a sirene era muito; as mulheres corriam para as fábricas para não lhes ser descontado as horas e terem trabalho para a jornada inteira:
“Nós éramos chamadas pela sirene a avisar que tinha chegado peixe à fábrica. (…) Enquanto houvesse peixe tínhamos de trabalhar sempre, cheguei a trabalhar a noite inteira. Se fosse de noite e estivessemos deitados, tínhamos de levantar e irmos trabalhar. Se assim não fosse havia um castigo, não se podia trabalhar no dia seguinte”1.
Muitas operárias levavam os filhos ainda pequenos consigo pois não tinham ninguém para cuidar deles. Assim deixavam-nos numa divisão da fábrica, uma espécie de infantário vigiado por outras mulheres. Era uma vida dura mas de extraordinária importância para a economia familiar.
A chegada do turismo na década de 60 contribuiu para a falência da indústria conserveira em Lagos e do declínio deste tempo de trabalho, de actividade e de camaradagem.
É com brio e alguma nostalgia que o Mar d’Estórias tem ao dispor na sua loja as marcas de conservas que marcaram a época, para relembrar estes tempos com sabor a mar:
Filete de atum com batata doce – Sta. Catarina PVP 4,85€
Paté de sardinha – Briosa – PVP 2,95€
Sardinha em azeite – Pinhais – PVP 2,20€
Filetes de cavala em molho de escabeche – La Gondola – PVP 2,40€
Carapau em molho de tomate picante – Nuri – PVP 3,50€
Atum filetes em molho picante – Correctora PVP 3,70€