As Pragas de Alvor pelo Mar d’Estórias
São as expressões dizeres e sotaques locais que dão verdadeira identidade ao regionalismo Português.
Para quem não está muito familiarizado com os dizeres algarvios ao ler o título deste artigo pode pensar que se está a falar numa língua estrangeira, no entanto, esta e outras expressões estão nas bocas dos nossos Alvoreiros, em forma de pragas.
Alvor, terreola à beira-mar, vivia-se acerca de 50 anos praticamente em exclusivo da faina piscatória. Estes pescadores e a suas famílias quando arreliados gritavam os piores desejos uns aos outros. Estas agressões verbais arrastaram-se no tempo e ficaram enraizadas até aos dias de hoje. O Mar d’Estórias seleccionou algumas “Pragas de Alvor” que considerou mais conhecidas e engraçadas:
- Ah maldeçoade! Que tevesses uma dor de barriga tã grande, tã grande, que te desse pra correr, que cande más corresses más te doesse e que cande parasses arrebentasses.
- Oh moçe dum cabreste havia de te crescer um par de cornos tão grandes e tão pequenos, que dois cucos a cantarem, cada um na sua ponta, não se ouvissem um ao outro.
- Que te desse uma traçã no beraco desse cu, que tevesses sem cagar oito dias e quando cagasses só cagasses figos de pita inteiros.
- Ah marafada, havias de fecar tão magra, tão magra, que passasses po beraco duma agulha de braços abertos.
- Havia de lhe dar uma febre tã grande, e tão pequena, que lhe derretesse a fevela do cinte e os betons da farda.
“Moces, advirtem-se!”
(Contributo de Alzira Correia)