Património e tradição de longos séculos, as mantas alentejanas estão enraizadas na identidade das comunidades associadas à sedentarização e ao exercício da pastorícia e agricultura. Estas eram essenciais para a classe média de outros tempos e serviam para proteger do frio, mas agora são utilizadas com outros propósitos decorativos como colchas e tapetes.

A equipa do Mar d’Estórias foi visitar a Fábrica Alentejana de Lanifícios de Reguengos de Monsaraz que tenta reavivar e preservar uma arte quase extinta e de símbolo da cultura Alentejana. Ao ir às origens apercebemo-nos que tudo é produzido em teares semi-manuais antigos e com lã portuguesa, sem qualquer mistura de fibras sintéticas. Estas criações artísticas acontecem pelas mãos de algumas tecedeiras num antigo lagar de azeite adaptado, de forma a assegurarem que esta herança permaneça viva com a continuidade desta actividade.

Para produzir uma manta todo um processo é posto em marcha – a lã do norte do país é lavada e tingida em terras nacionais chega às mãos da tecedeira que coordena 4 pedais e passa, durante horas, a lançadeira (onde se coloca a lã) de um lado para o outro para criar os padrões únicos e geométricos que remontam à cultura do Islão.

Estes são produtos finais que comportam, não só a qualidade na escolha de materiais, mas um imenso valor imaterial conotado com a originalidade da produção manual e tradição subjacente.